Como surgem as micro expressões faciais é a pergunta que mais se faz quando iniciam os estudos sobre a Linguagem Corporal. Mas ao contrário do que se imagina, micro expressões faciais são nada mais do que a materialização das emoções que sentimos.
A importância das emoções em nossas vidas
Tente imaginar uma pessoa que tem ausência de emoções. Que tipo de pessoa seria? Se pudermos imaginar, logo essa pessoa será associada a um psicopata, uma pessoa que não se importa com os outros, correto? De certa forma sim.
Mas existiu uma pessoa que teve suas emoções “roubadas” devido a um acidente. Essa pessoa se chama Phineas Gage, um operário americano que após um acidente com explosivos teve seu cérebro perfurado por uma barra de metal. Aparentemente Gage não tinha sofrido nenhuma sequela, mas perceberam que sua mudança de humor foi drástica.
E não foi apenas só o humor, Gage se tornou uma pessoa egoísta, não media as palavras e não pensava mais nos outros. Se tornou uma pessoa completamente oposta do que era antes do acidente. Começou a agir sem medir as consequências.
Por mais triste que o caso de Gage tenha sido para ele, os estudos que iniciaram acerca desse acidente desencadearam o início de uma evolução nos estudos sobre emoções.
Tudo porque a lesão que Phineas Gage sofreu foi no córtex pré-frontal, a camada abaixo da testa que é responsável pelas emoções.
O papel das emoções em nossas vidas é muito mais amplo do que sabemos, mas até onde já sabemos, percebemos que ao acordar, nos alimentarmos, trabalhar, dormir, relacionar com as pessoas, tudo tem emoções envolvidas.
As emoções são responsáveis por dar mais cor e sabor em nossas vidas.
Graças às emoções temos a capacidade de perceber se estamos em perigo e sinalizarmos nossos sentimentos. Os profissionais de marketing descobriram que através das emoções as pessoas tomam a decisão de compra. As emoções são muito mais que temperos, elas são parte da composição de um ser humano bem sucedido.
Traduzindo Emoções em Micro Expressões
Se nosso corpo é responsável por projetar as emoções que acontecem em nosso cérebro, então significa que cada micro expressão facial desde os gestos como também as micro expressões que acontecem em uma pequena fração de segundo, são elementos que compõem nossa comunicação e mostra a verdadeira intenção.
E muito mais do que isso, o nosso cérebro manda para nosso corpo uma informação que ele recebeu. Essa informação que formará uma emoção pode ter significados diversos para cada tipo de pessoa, com base em sua experiência de vida. O que para uns pode ser amor, para outro pode ser apenas uma afeição. O que para uns é um momento de alegria, para outros pode ser de profundo luto.
Mas a verdade é que as emoções acontecem de maneira inerente em sua maioria. Prova disso é que os animais selvagens também tem emoções e suas emoções podem ser percebidas através das expressões faciais.
O naturalista e pesquisador britânico Charles Darwin escreveu um livro mostrando a comparação das emoções entre homens e animais, em seu livro intitulado como – A Expressão das Emoções nos Homens e Nos Animais.
Há estudos e ferramentas que são capazes de te ajudar a ler as emoções que foram externadas nas micro expressões faciais e na linguagem corporal. Quando se trata da linguagem corporal pode ser notado mais facilmente, já que em sua composição estão as expressões primárias e os gestos. Já em relação às micro expressões faciais, é preciso um olhar muito bem treinado e até mesmo a utilização de softwares para fazer uma análise mais detalhada como o Face Readers da Noldus.
O fato é: as emoções são projetadas em nosso corpo e, saber interpretá-las pode te colocar em posição de vantagem.
Nossas emoções sendo explicadas em métricas.
Um estudo realizado pelo Dr. Albert Mehrabian, conseguiu “dividir” a comunicação em três elementos:
- O que se fala é apenas 7%,
- Como se fala é 38%,
- O que o corpo fala representa 55%.
Por mais que os estudos são relacionados e restritos a uma determinada situação, ou seja, as métricas podem variar de acordo com etnia, cultura, situações e contextos, essa fragmentação nos mostra que o que não é falado verbalmente é tão importante quanto o que é dito e ao mesmo tempo negligenciado pela maioria das pessoas.
Nosso comportamento reflete nossas emoções
Existem quatro tipos de comportamentos base para todo ser humano. Esses comportamentos não são a pessoa em 100% do seu dia, mas eles predominam na maior parte do tempo.
Estudos mencionam esses comportamentos de diversas maneiras, mas a base do comportamento está no arquétipo de cada pessoa. Estudado pelo pai da psicologia analítica Carl Gustav Jung que mais tarde foram aprimoradas e estudadas pelo Dr. William Moulton Marston, que além de escritor de quadrinhos e o responsável por criar a Mulher Maravilha, foi inventor e se tornou PhD em psicologia por Harvard.
William Moulton Marston definiu os arquétipos em quatro categorias:
- D – Dominância;
- I – Influência;
- S – eStabilidade;
- C – Conformidade.
Essas quatro categorias compõem o perfil comportamental de cada pessoa.
O estudo de Marston foi publicado em um livro chamado – Emotions of Normal People (As Emoções das Pessoas Normais) e passou a ser aprofundado por muitos e muitos estudiosos mundo afora.
Perfil Dominância
Uma pessoa que tem o perfil de Dominância, reflete uma pessoa pragmática e assertiva acerca de suas escolhas. Um pragmático pode ser facilmente comparado a uma personalidade muito conhecida como o presidente americano Donald Trump ou ao apresentador de TV brasileiro, Fausto Silva.
Pessoas com perfil de alta dominância são geralmente os que utilizam muita emoção em suas tomadas de decisão. Focam energia o suficiente para fazer acontecer e com isso podem ser mal interpretados, principalmente tidos como arrogantes.
Os Dominantes possuem uma linguagem corporal composta por: gestos bruscos, caminhar firme, postura ereta e na maioria das vezes o queixo elevado.
Perfil Influência
Pessoas com perfil de influência são tidas como as que falam muito e não fazem o quanto dizem fazer. São aquelas pessoas que chegam chegando, chamam atenção por onde passam. Afinal, gostam de ser notadas e destacadas.
Um exemplo de perfil influente, atual, é o Silvio Santos, que adora fazer brincadeiras as quais algumas vezes podem ser interpretadas como inconvenientes ou passar dos limites da outra pessoa.
Os Influentes tendem a ter a linguagem corporal como: gestos amplos, caminham de forma que querem ser notados, são vaidosos na maneira de se vestir e muito carismáticos.
Perfil eStabilidade
Uma pessoa com perfil eStabilidade é conhecido como paciente. Essa pessoa tem uma capacidade de ouvir o outro e criar empatia facilmente já que ela é mais sutil até em suas afirmações. Por esse motivo, são muitas vezes interpretados como desinteressados por não se oporem ou expressarem abertamente suas opiniões.
Um exemplo de uma celebridade com perfil de eStabilidade é o apresentador de TV Gugu Liberato. O jeito de falar, a maneira como gesticula, gira em torno de uma pessoa mais “doce”, afável, meigo.
Por ser um perfil menos “expressivo”, sua linguagem corporal está relacionada a gestos mais contidos, caminham de forma sutil, caminham parecendo estar pisando em ovos. Vestem de maneira mais “certinho”.
Perfil Conforme
Geralmente a maioria das pessoas com esse perfil é tida como analíticos, contestadores. Esse tipo de pessoa busca embasamento no que está sendo dito, analisa e questiona a todo momento. São tido como os famosos “chatos” por terem um senso crítico muito elevado.
Bem, nessa hora muitos não querem ser comparados, mas a apresentadora que vem em nossa mente de imediato com essas características é a Global, Fátima Bernardes.
É um perfil inexpressivo, sabem do que falam, confiam no que falam, mas avaliam o outro a todo momento utilizando seu conhecimento como base para avaliar se faz ou não sentido.
Já as pessoas com perfil Conforme, por serem inexpressivas, sua linguagem corporal, gestos e expressões faciais tendem a ser notadas como artificiais, gestos sem envolvimento.
Posso manipular a Linguagem Corporal?
Bem, mesmo que você quisesse, não conseguiria, pois elas são inerentes, uma vez que são apenas resultados das emoções que sentimos. Mas e se eu enganar as minhas emoções, posso emitir uma linguagem corporal ou até mesmo micro expressões congruentes com elas? Ainda assim não, pois você está levando para o lado racional, cognitivo e emoções estão do outro lado.
Você pode até “enganar” com alguns gestos tendo o conhecimento do significado de cada um deles dentro da linguagem corporal, mas quando entrar em micro expressões faciais, você irá contradizer o que seu corpo e sua boca “falam.”
Mas você pode treinar suas emoções de modo que possa se parecer ao máximo com algo que ainda não é, mas está prestes a se tornar.
As pessoas as vezes perdem muito tempo tentando mentir ou criar uma falsa impressão de si mesmo. Querem transmitir uma postura de poder sendo que na verdade não vivencia aquilo.
Um dos assuntos mais debatidos e que gera mais interesse por parte dos alunos, quando abrimos cursos de negociação ou comunicação, é: Como posso mostrar mais poder que o outro? Tudo isso por conta de um estudo da Dra. Amy Cuddy que é interpretado de forma ainda muito equivocada.
O que o estudo dela mostra é que podemos sim, transmitir e decidir que tipo de sentimentos podemos ter mediante a uma situação por mais desafiadora que ela seja. E sim, ganhamos confiança com isso, já que se temos uma postura de confiança, a tendência é ver o problema como algo que possa ser facilmente ultrapassado.
Mas tentar ser o que você não é, pra impressionar o outro, não vai te servir pra muita coisa, já que aquela pessoa notará que em uma primeira conversa você conseguiu enganar bem, mas em um segundo encontro talvez isso possa ir por água abaixo.
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