Linguagem Corporal de Poder, existe ou será que essa tal afirmação não passa de um mito motivacional para vender mais livros e cursos ou realmente a fisiologia do corpo pode alterar o estado mental?
Nesse post, prometemos revelar tudo sobre Linguagem Corporal de Poder!
Linguagem Corporal é ciência!
Ao falarmos de linguagem corporal devemos nos lembrar que estamos falando de ciência e não de pragmatismo. Por esse motivo, mesmo que o lado empírico manifeste, e é importante que isso aconteça, pois é através dele que lapidamos melhor alguns conceitos, devemos estar atentos ao que é experiência adquirida e o que possui base científica, mas sem gerar conflitos.
Digo isso pelo fato de que mesmo havendo respaldo científico, interpretações diferentes podem acontecer com frequência, gerando visões diferentes sobre um mesmo assunto.
Já disse isso em outro post e digo isso constantemente dentro dos cursos: Tesla assim como Einsten eram dois gênios, ambos atuavam em áreas similares e ambos divergiam constantemente. Porém, ambos estavam corretos, cada um da sua maneira contribuiu para que a física se tornasse o que é hoje.
Estudos científicos não são diferentes, haverão diversos estudos e interpretações divergentes que no final acabam se cruzando.
Como a confiança surge no cérebro
O córtex orbitofrontal é o responsável pela avaliação nos resultados da aprendizagem e tomada de decisão.
Segundo uma equipe de cientistas da Fundação Champalimaud, quanto maior o tempo que uma pessoa espera para agir, mais confiante essa pessoa demonstra ser, pelo fato de não agir por impulso (o que caracteriza tomadas de decisões feitas por algo como fosse uma única oportunidade).
Uma vez a confiança instalada de forma que nos beneficie, ela se desenvolve e nos proporciona novas tomadas de decisões cada vez mais confiantes. Ou seja, uma vez que o caminho da confiança seja descoberto, isso faz com que uma pessoa torne-se mais confiante para tomar outras decisões posteriores.
Um dos primeiros a levar esse estudo para o campo do empreendedorismo, foi o escritor e palestrante motivacional T. Harv Eker, que através da comunicação mental para o corpo, a confiança poderia ser percebida através das ações.
Segundo Harv, Pensamentos conduzem a sentimentos > Sentimentos conduzem a ações > Ações conduzem a resultados.
Ainda que na época que Harv escreveu isso em seu livro, Os Segredos da Mente Milionária – 1992, que se tornou Best Seller mundial, não tendo respaldo e sendo compreendido como um material motivacional a ser vendido para lucrar, posteriormente vieram outras pessoas trazendo linhas de raciocínios similares.
Podemos experimentar essas sensações de maneira mais simples do que fazendo grandes estudos. Procure lembrar de uma comida que você adora e verá as expressões nascendo no seu rosto ou tente lembrar de uma comida que te dá nojo e veja o que acontece.
Essa afirmação atesta que, o modelo mental influencia nos estados internos que refletem nos externos.
Poder através da postura corporal
A neurociência nos ensina que tanto o nosso estado mental influencia nas posturas que adotamos, como nossa postura também tem o poder de influenciar nossos estados mentais.
Veja aqui o vídeo da Dra. Amy Cuddy
A responsável por essa pesquisa, psicóloga Dra. Amy Cuddy, que em uma palestra no TED, Power Poser, fez afirmações reveladoras sobre os anos que passou estudando o comportamento das pessoas que mantinham pose de vencedor X pessoas que mantinha pose de perdedor.
(A Academia Internacional de Linguagem Corporal, foi uma das maiores responsáveis por ter divulgado os estudos da Dra Amy Cuddy no Brasil quando sua palestra foi ao ar no TED.)
Amy, explica que uma postura de poder pode gerar sensação de poder no cérebro, e por esse motivo fazer com que uma pessoa sinta-se mais confiante. Da mesma maneira, uma postura de fracasso poderá fazer com que uma pessoa não tenha confiança suficiente para tomar certas decisões.
Níveis de cortisol, serotonina e testosterona podem ser liberados através da postura que adotamos.
Muitos ao ouvirem essa pesquisa, não haviam entendido que o que Amy Cuddy fazia, era na realidade nos alertar para posturas que ficamos na maior parte do tempo e como elas interferem no cotidiano.
É comum uma pessoa deixar de produzir resultados satisfatórios dentro de uma organização, simplesmente por ela ter adotado uma postura curvada, que aparentemente, é algo normal, porém tem influenciado no seu trabalho sem que se dê conta disso.
Dana Carney, Andy J. Yap e Amy Cuddy, realizaram outro estudo com base no que a própria Amy havia feito anteriormente, intitulado “Brief Nonverbal Displays Affect Neuroendocrine Levels and Risk Tolerance” que teve a finalidade de descobrir se eram nossas mentes que mudavam nossa postura ou se eram as posturas que mudavam nossas mentes.
Uma simples mudança, uma grande transformação
Um estudo alemão chamado, Inhibiting and Facilitating Conditions of the Human Smile: A Nonobtrusive Test of the Facial Feedback Hypothesis” algo como “ (”Inibindo e Facilitando as Condições do Sorriso Humano: Um Teste não invasivo da Hipótese de Retroalimentação Facial”), conduzido pelos cientistas Fritz Strack e Leonard L. Martin, da Universidade Mannheim,
Comprovou que uma simples caneta na boca, poderia causar uma sensação de felicidade nas pessoas que fizeram parte do experimento.
O grupo foi dividido em dois:
- Um segurava as canetas na ponta dos dentes, enquanto outro grupo segurava a caneta atravessada nos lábios.
- Ambos iriam ver gravuras iguais e em nenhum deles foi solicitado que sentisse raiva ou felicidade, apenas que apreciasse as gravuras na qual seriam expostos.
Os participantes que tinham a expressão de felicidade ativada mecanicamente pela caneta, acharam as gravuras mais engraçadas do que aquelas que não foram ativadas.
Por meio dos receptores sensoriais que podem ser manifestados involuntariamente (quando aquele acontece de forma expontânea) ou voluntariamente (quando provocado mecanicamente), enviam estímulos ao cérebro para que ele haja de acordo com o estímulo enviado.
A relação humana X animal
Podemos encontrar explicações sobre essas indagações no reino animal, onde a maior riqueza de estudos pode ser facilmente observada através do comportamento dos animais.
Charles Darwin e Desmond Morris já nos deu forte indícios sobre as heranças que herdamos dos animais ao longo dos milênios.
Enquanto Darwin observava a evolução das espécies e semelhança entre expressões faciais, Morris entrava no comportamento. A semelhança entre o que fazemos e como fazemos pode ser facilmente percebida.
Mesmo que o motivo seja diferente, a representação, interpretação e reações são as mesmas. A linguagem corporal de poder manifesta em ambos os reinos.
Tendemos a projetar uma postura de confiança pelo fato de querermos ser maiores que nossas dificuldades ou oponentes.
Quanto maior for, mais sentimento de confiança é desencadeado no nosso cérebro.
Ainda que não acredite nas colocações por alguma crença religiosa, (e aqui não estamos discutindo sobre elas, apenas trazendo panoramas científicos sobre comportamentos), precisamos olhar para o comportamento humano com olhar de ceticismo, mas sem deixar que o cinismo tome conta.
Ser cético é estar aberto à novas colocações, posições e percepções, enquanto ser cínico, é invalidar o que o outro diz apenas pelo fato de não querer estar errado.
Como posso adquirir confiança no dia a dia?
Existem diversas formas simples que podem ser feitas por você. Principalmente se for para lidar com uma situação que requer força e confiança excessivas, você pode adotar tal postura.
E a verdade é que você não precisa ser nenhum especialista em comportamento humano ou gastar centenas de reais do seu precioso dinheiro para aprender a fazer isso.
Em outro artigo, ensinamos como ter mais confiança
A utilização de um estado de recursos que você possa ativar diante dessas situações, proporcionará a você uma maior performance ao ter que lidar com situações que podem consumir muito sua energia.
A preparação mental é a primeira que deve ser feita, mas a física através da postura, é a que contribuirá de fato para que você chegue marcando sua presença.
Um clássico exemplo e que ficou conhecido mundialmente pela sua maneira “exótica” de se apresentarem antes dos jogos, foi a seleção Neozelandesa de rugby, All Blacks.
Os All Blacks realizam antes de cada disputa a performance da haka, uma dança maori. Ainda que por algumas pessoas o Haka passa uma imagem de incomodo, devido os atletas cerrarem o punho e passar pelo pescoço como estivessem degolando seu oponente e ter pisadas fortes, seu verdadeiro sentido é a demonstração de orgulho, força e união de uma tribo. O haka é uma dança que era utilizada antes das batalhas como também no momento para expressar paz.
Os resultados proporcionados por essa dança, podem ser traduzidos em resultados. A Nova Zelândia é a maior produtora de atletas de rugby da atualidade e campeã de títulos.
Todos aqueles que experimentam essa dança percebem que os níveis de cortisol e serotonina alteram no organismo. Proporcionando à ela, mais disposição e determinação para cumprir alguma tarefa desafiadora.
Linguagem Corporal de Poder é solução para meus problemas?
Certa vez, uma pessoa me disse que um famoso coach lhe ensinou que, se tivesse uma linguagem corporal de poder, então ela não precisaria mais aprender novas técnicas para lidar com situações conflituosas, que tudo poderia ser desencadeado através do corpo.
Linguagem Corporal de Poder é apenas onde tudo se inicia!
Como mencionei em outra parte do artigo, precisamos separar o cinismo do ceticismo, mas também separar o que é exclusivamente ensinado com fins comerciais daquilo que é transmitido com intenção de nos preparar para sermos melhores.
Ter uma linguagem corporal de poder não resolverá seus problemas, nem tampouco será a solução para sua vida, nem fará com que você seja melhor do que o outro. Mas, ter uma linguagem corporal de poder e saber quando e como utilizá-la, será o começo para que as transformações comecem a acontecer na sua vida.
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