Correlatos Neurais do Julgamento Moral em Pedofilia: O Que a Neurociência Revela?

Correlatos Neurais do Julgamento Moral em Pedofilia: O Que a Neurociência Revela?

A pedofilia é um distúrbio de preferência sexual que levanta questões complexas não apenas em termos legais e sociais, mas também no campo da neurociência. Novas pesquisas revelam como o cérebro de indivíduos pedófilos processa o julgamento moral, especialmente em relação a crimes sexuais. Neste artigo, vamos explorar os achados científicos mais recentes e entender como o cérebro lida com essas situações.


O que é pedofilia?

A pedofilia é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma desordem de preferência sexual, na qual um adulto ou adolescente sente atração sexual primária por crianças pré-púberes, geralmente com menos de 13 anos de idade. Embora nem todos os indivíduos pedófilos cometam abusos sexuais, essa condição é considerada um dos principais fatores de risco para a prática de crimes sexuais contra crianças.


O julgamento moral e os correlatos neurais

Um estudo recente publicado no Social Cognitive and Affective Neuroscience investigou como o cérebro de pedófilos processa o julgamento moral, utilizando ressonância magnética funcional (fMRI). A pesquisa revelou que existem diferenças significativas nas áreas do cérebro relacionadas ao julgamento moral entre indivíduos pedófilos e pessoas sem essa condição.

Os resultados mostraram que, ao serem apresentados com cenários de crimes sexuais, indivíduos pedófilos demonstraram menor ativação em regiões do cérebro associadas ao julgamento moral, como a junção temporo-parietal esquerda (TPJ), o córtex insular posterior e o precúneo. Essas áreas são amplamente reconhecidas por seu papel na avaliação de comportamentos imorais e na empatia social.


Diferenças no processamento neural

Em comparação com o grupo de controle (indivíduos saudáveis), os pedófilos apresentaram menor resposta neural ao avaliar a imoralidade de crimes sexuais contra crianças. Em outras palavras, as áreas cerebrais que normalmente se ativam para julgar severamente esses crimes mostraram uma atividade reduzida nos pedófilos. Esse achado sugere que há uma disfunção no processo de avaliação moral em indivíduos com pedofilia, o que pode contribuir para uma falta de sensibilidade ou percepção reduzida da gravidade de suas ações.


Conexão entre o cérebro e o comportamento

Além da redução da ativação cerebral, o estudo também mostrou que a duração das decisões (o tempo que o indivíduo leva para avaliar um cenário) foi mais longa nos pedófilos, indicando uma maior dificuldade em processar a gravidade de um crime. Nos indivíduos saudáveis, as decisões foram tomadas mais rapidamente e foram acompanhadas por uma maior ativação nas áreas neurais relacionadas ao julgamento moral.

Esses resultados reforçam a ideia de que o julgamento moral nos pedófilos está alterado, possivelmente devido a uma distorção cognitiva que justifica comportamentos inadequados.


Implicações para o tratamento e prevenção

Compreender os correlatos neurais do julgamento moral em pedófilos pode abrir portas para intervenções mais eficazes. Saber que há uma base neurológica para a diferença no processamento moral oferece novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias que visem reverter ou mitigar essas disfunções. A neurociência pode, assim, ser um aliado na criação de estratégias preventivas e terapêuticas, ajudando a reduzir o risco de reincidência em crimes sexuais contra crianças.


Conclusão

Os estudos sobre os correlatos neurais do julgamento moral em pedofilia revelam um quadro preocupante: o cérebro de indivíduos pedófilos processa de forma diferente a imoralidade de crimes sexuais, mostrando menor ativação em áreas críticas relacionadas à empatia e ao julgamento moral. Esse conhecimento é crucial para o desenvolvimento de tratamentos que possam corrigir essas disfunções e ajudar na prevenção de futuros crimes.

Referências Científicas

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Anderson Carvalho

Perito em Análise de Credibilidade, especialista em entrevista investigativa e análise de Microexpressões faciais. Coordenador da Pós Graduação em Perícia Forense em Análise de Credibilidade e Inteligência Investigativa. Professor de Entrevista Interrogatório Estratégico e Análise de Credibilidade na Pós-Graduação em Tribunal do Júri. Graduado em Perícia Forense e Investigação Criminal, Pós- Graduando em Boas Práticas de Entrevista Investigativa. Pós-graduando em Ciências Criminais. Professor de Entrevista Investigativa na Formação de Peritos em Análise de Credibilidade na Academia Internacional de Linguagem Corporal. Perito em Expressões Faciais FACS (Facial Action Coding System), METT e SETT pelo renomado Paul Ekman Group. Especialização em Codificação Científica pelo FM-G (Portugal) Coordenador do HEP - Hub de Excelência Pericial. Assistente técnico com dezenas de atuações na área criminal.

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